Uma carta para quem possa
Não existe razão para mim nesta vida
Estou cansado de perseguir uma primavera
E deparar-me com um inverno constante no peito
Não venha me dizer que qualquer um erra
Pois caminhando pelas ruas
Vejo pessoas sorrindo
Eu sinto nelas o perfume da felicidade
E ele arde em meu interior
Fazendo transbordar em mim um sentimento
De inveja e de inferioridade
Estou cansado desta vida, eis a verdade…
Mas, como estar cansado de alguém
Que julgo não ter…
Minha vida fora roubada num instante de um beijo
No calor de um abraço
No labirinto maldito de um olhar de mulher
E o que me resta agora?
Além desta maldita solidão
Da lembrança de um corpo que tive entre os braços
E que agora nada mais é que uma silhueta disforme?
Meu corpo arde em desespero
Preferia mil vezes sentir a sede do deserto
Do que sentir o vazio deixado por teus lábios
E, dizem os sábios, o amor enlouquece.
Alguns enobrece, mas a maioria
Se perdem em devaneios alheios
A verdade que caminha
E o que posso fazer sendo um simples mortal?
Nada além de ter a coragem do sacrifício
De libertar minha alma de seus pensamentos
E mesmo rumando para o vale maldito
Talvez lá seja minha penalidade
Pela minha mais brutal atrocidade
Mas ao menos não verei teus olhos olhando para outro
Não verei teus lábios encontrando outro
E nem imaginarei teu corpo frágil contra um corpo forte
Só de pensar minha alma se enche de cortes
É por isso que vou, leve como a brisa
Passageiro como um dia ensolarado
E quando esta notícia chegar aos teus ouvidos
Encontre o cupido e condene-o por mim, pois este amor significou meu fim
Adeus minha querida, para sempre seu
Werther.
Meus olhos agora se fecham para sempre para você
E para toda minha vida… descanso em paz, já não existe mais a ferida.
Autor: Adriano Villa