Sob o Pálido Céu
A noite densa e negra chega em meus olhos
E peço para que não acenda a luz do quarto
Pois já não reconheço minha imagem refletida
Muito menos os caminhos de minha mente
Me sinto um estranho para mim mesmo
Por gentileza, arrume algumas grades para me prender
Me manter longe de todo sonho a conceber
Já não quero ter em mente algo que não posso ter
Na manhã fria despertei com sangue em meus lábios
E com pele sob as unhas de minha mão
Uma terrível dor se instalou no cume de minha razão
Como se alguém avisasse que peguei a contra-mão
Levantei-me em silêncio, temendo ser visto
Estava completamente nu de qualquer conhecimento
Completamente perdido e ensandecido
E sem saber para onde ir
Comecei a caminhar sem destino
Sob um pálido céu sem nuvens ou vida
Tudo era simplesmente calmo,
Eu conseguia ouvir a respiração do mundo
Era como se os olhos estivessem voltados pra mim
Olhos acusadores de crime hediondo
Eu queria me esconder, mas havia uma luz sobre minha cabeça
E por onde caminhava, ela me seguia
Me lembrando da vergonha e dos caminhos do dia
Que a natureza não conhecia
Mas trazia na alma um grande peso
Que simplesmente não conseguia carregar
Então de repente, em uma arvore fui a encostar
Deixe o mundo para trás e me vi voar
Por um lugar completamente novo
Sem chances de cair ou estagnar
Foi quando de repente
Avistei uma fada em forma de borboleta
Então me aproximei encantado
E pedi para que ela me transformasse em uma flor
Assim, preso ao solo, ninguém mais entregaria seu amor
Meu coração viveria preso ao solo
Alimentando-se simplesmente de seu calor
E ali viveria para sempre
Até o dia que meu fim chegasse
Sob o pisar de um simples lenhador.
Autor: Adriano Villa