Dedicatória de Amor Aos Pais
Certa noite, acordei chorando.
Meus olhos o buscavam com muita ânsia de encontrá-lo. Quando mais que rapidamente, entrastes pela porta adentro; com a respiração bastante ofegante vindo em minha direção.
Recordo-me que te abracei e de olhos ainda fechados, não sabia o que te dizer; apenas te sentia bem próximo a mim.
E minhas lágrimas cessaram com a tua presença.
Ainda me recordo das balas trazidas por ti, em suas viagens… Da chegada, sempre acompanhada de um abraço; do suor em tua face e da alegria de retornares ao lar. E quando me olhavas com o ar sério para me chamar a atenção, terminavas querendo saber se tudo já estava bem.
Recordo-me também de uma única vez que te vi chorar… Foram lágrimas que hoje talvez., entenda o motivo: ” excesso de amor “! E aí o tempo passou… passou… E tu continuas aí: me observando; me esperando gritar teu nome… Sempre de prontidão…
Só que hoje pai; hoje eu cresci… Não só no tamanho, mas na idade também… Os olhos ainda são pequenos, mas meus sonhos são maiores… E mesmo sabendo, que estás aí; quero hoje caminhar sem teus braços a me amparar…
Quero ” tropeçar ” e depois ” continuar”… Quero ” cair ” e depois ” levantar “… Quero ” chorar ” e depois ” sorrir “… Quero ” perder ” e depois ” ganhar “… Quero ” não ser ” e depois ” ser “… Quero ” correr o mundo ” e voltar ao ” ponto de partida “… Quero simplesmente ” errar ” para depois ” acertar “… Quero ” brigar ” para depois ” amar “… Quero ” sentir frio ” para depois sentir ” calor “… Quero me ” molhar” para depois me ” secar “… Quero ” olhar para você ” e dizer não somente ” pai “; mas poder dizer junto deste ” pai “, um ” pai e amigo “…
Eu cresci pai… Mas ainda te tenho tão próximo a mim, que tenho medo de que me vejas chorar e corra novamente ao meu encontro… Que faças por mim o que sempre fizestes, sem me deixar “tropeçar; cair; chorar; perder; não ser; correr o mundo; errar; brigar; sentir frio; molhar; olhar para você ” …
Por isso pai; também depois de “grande”, só me vistes chorar como você, uma única vez… E ainda, depois de ter passado a infância, a adolescência e a fase adulta que me encontro; talvez ainda tenha que esperar a velhice, para ter coragem de dizer que ” te amo”…
E aí pai, estaremos ambos bem velhinhos e choraremos juntos; talvez lamentando o tempo que passou e que não tivemos coragem de nos dizer verbalmente que nos amávamos… Porque apenas demonstramos, através de atos (creio que você, mais do que eu), que nos amamos…
E sem tua fantasia de Super Homem, protetor de teus filhos; choraremos de emoção e nos abraçaremos dizendo : ” Te amo ” ! Obrigada meu Pai… E desculpe-me por me achar ” grande ” para não te preocupares mais comigo…
Dedico a todos os pais, que se fazem presentes na vida de seus filhos e com o excesso de amor, os tornam esperançosos por serem “grandes” e de quererem correr riscos, com a certeza de vencerem no final.
Autor: Marcia A. Silva Zauza