Das cinzas eu levanto
Eu posso estar quase morto
Pode enxergar isso em meus olhos
Meus lábios secos, meu corpo rígido
Uma estranha fisionomia, conforto.
Você pode achar que tudo foi fácil demais
E, até mesmo esquecer que chegar em casa é um milagre
Pois os dias são tão negros quantos os próprios pensamentos
Pois a vida já não é mais como era antigamente.
Você pode olhar para o horizonte
E imaginar tudo como sempre desejou
Você pode olhar para o mundo e imaginar
Não a correntes que possam prender os pensamentos
Não existem palavras que quebrem o verdadeiro sentimento.
Não existe cárcere quando você permite-se ganhar!
Eu olho para os dias e são vazios
Do lado de fora faz muito frio
Meu corpo está nu como minha alma diante de ti
Numa estrada sem placas
Sem horizontes visíveis
Sem caronas para amenizar o silêncio
Sem lugar para chegar e descansar
E mesmo assim
Das cinzas, levanto.
Abafando o pranto
Ficando de canto
Sem medo de chegar e falhar
De voltar pelo caminho
Continuo sem carinho
Além de mim mesmo
Eu tenho a tempestade que lava a mente
Que mente para que continue pela estrada
Pois existe algo no final de todo caminho
E mesmo que seja a morte
Algo terá que acontecer de bom
Entre meu nascimento e o apodrecimento da carne
Que assim seja, mas também serei forte
Pois se o hábito faz um monge
A luta forma os vencedores
E mesmo se não vencer
A persistência é uma forma de continuar
Que rompe todos os temores.
Das cinzas, levanto.
Aos prantos, aos trancos
Não importa desde que eu chegue
No final da minha estrada… morte!
Autor: Adriano Villa