Mensagens de ReflexãoTextos de Decepção

Condenado duas vezes

Eis que ela me olha do céu escuro
Sob suas brumas negras e misteriosas
Ela conhece todos os meus medos
E todos os mais profundos segredos
Eu tento fugir de seu encanto
Mas sempre me encontra em qualquer canto
Trazendo para meus lábios sedentos
O gosto amargo e delicioso de sangue
E a fome cresce em meu interior
E tudo que preciso é sentir a carne entre meus dentes
De repente o mundo se torna cinza
E a velocidade de meus passos é tudo que posso ter
Enquanto solto meu uivo desesperado para a lua
Porque?
Uma pergunta sem resposta
Uma vida sem qualquer caminho
Estou sozinho agora, esperando por você
Mas, como alguém poderia amar alguém como eu?
Quem dera poder lhe dar minha existência
Como se seu beijo fosse suficiente para quebrar esta maldição
Eu te amo agora, como um verdadeiro cão
Pois tudo que posso lhe entregar é minha voracidade
Todo calor guardado e esnobado por tantos anos
Veja, não corra de mim agora
É neste momento que mais preciso de você ao meu lado
Deixe-me tocar seu corpo
Deixe-me mostrar que por dentro ainda sou quem conhece
Deixe-me mostrar que mesmo neste corpo
Posso te levar para lugares distantes
Onde o ser humano nem conhece
Não me olhe com desprezo
Não me condene mais uma vez
Eu preciso ter algo além de minha raiva
Para continuar pelo caminho
E não quero mais ficar sozinho
Uivando para a lua de algum lugar perdido
Onde as sombras de um coração ferido
Espero o momento de voltar para seu abrigo
De seus braços fui arrancado
E jogado nesse mundo
Onde, quando a lua brilha na imensidão
Me perco pelo caminho
E tudo que encontro é solidão.

Condenado duas vezes

Autor: Adriano Villa

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo