Amor Atemporal
Confesso que parei no tempo…
Apesar das marcas registradas
durante o longo das estradas.
Ou ele me deixou pra trás,
correndo veloz demais…
Houve expressivas mudanças…
Por fora!
Por dentro continuo a mesma…
Antes e agora.
Às vezes me sinto idiota
nessa realidade ilusória.
Ser anormal, atemporal!
Felicidade irrisória…
Idiotice que me faz sorrir
pra quem me vê assim…
E de repente gargalhar
até chorar, de rir…De mim.
Ainda vivo meu primeiro amor!
Único!Outros eu já esqueci…
Com o mesmo ardor de adolescente,
a mesma paixão crescente…
Como se fosse hoje
o tempo em que me perdi.
Tantos anos se passaram…
Quantas águas rolaram
desde que ele se foi,
deixando terna saudade
que nunca deixo morrer…
Camuflo-a de cores vivas
e dela tento sobreviver.
Sua música ao piano…
No palco, minha dança,
ilusões por trás dos panos,
palavras de esperança,
gestos de amor,
beijos de batom na flor…
A doce entrega!
Emoção!
Vida a pulsar!
Coração!
Ainda danço. Sem pano vermelho…
Sem palco, sem aplausos…
Frente ao espelho!
Reverencio a mim mesma…
Revejo…Vibro com o que vejo!
Seu verde olhar
a me incitar…
E me ouso em passos inusitados
que mantenho guardados
para meus momentos calados…
E seu piano toca…E me toca,
ainda mais suave…
Mesmo em tom mais grave.
Notas musicais
irradiando claves de sol…
a solfejarem… me sussurrarem…
Trazendo-o bem junto a mim.
Amor sem fim!
Sou feliz desse jeito.
Insensata, mil defeitos…
A vida não é um tratado
e ninguém é perfeito.
Escuto minha alma
que tudo vê e pressente…
E revivo no presente
o grande amor do passado.
Autor: Carmen Lúcia